Alvitres Despretensiosos
Opiniões livres sobre política, cultura e a sociedade em geral. Sem censuras! sic transit gloria mundi
sexta-feira, novembro 18
quarta-feira, novembro 16
O pai do monstro
Helena Roseta, apoiante de Manuel Alegre, escreveu, em Maio de 2005, um artigo na Visão que dizia o seguinte:
" Mais uma amnésia generalizada parece ter tomado conta da opinião publicada. Cavaco Silva, putativo candidato da direita, é de novo apresentado como aquele que salvará o país da bancarrota, numa cíclica reencarnação do providencialismo dos homens que percebem de finanças. E, no entanto, durantes os seus governos, os resultados orçamentais apontaram em sentido oposto. As pessoas lembram-se melhor da sua tese do "monstro" (o Estado gastador) do que aquilo que realmente fez no governo. A despesa pública de então esteve longe de ser controlada. Foi o tempo das grandes obras, dos dinheiros comunitários investidos no betão, dos milhões do Fundo Social Europeu sumidos em formações profissionais de treta. Cavaco pode voltar a falar do "monstro". Mas foi durante os seus governos que o défice se descontrolou e a despesa corrente cresceu mais de 10 pontos. Se isto não é ser pai do monstro, então o que será?"
Cavaco ontem, na sua primeira entrevista televisiva como candidato, defendeu-se das acusações de pai do "monstro", referindo relatórios insuspeitos que referem o progresso económico e social nos seus governos. E que a fonte principal da crise orçamental portuguesa pode ser encontrada no relatório da Comissão Europeia " A economia portuguesa depois do boom ".
O dilema
Na campanha para as legislativas, José Sócrates defendeu, nomeadamente, o acento na necessidade de investir em novas tecnologias, na formação profissional e na competitividade das empresas. A redução das despesas públicas do Estado e um apertado controlo das mesmas foram, também, medidas referidas pelo actual primeiro-ministro.
Todas estas medidas têm sido citadas por Cavaco Silva. O candidato a Belém, na sua última entrevista à TVI e em recentes intervenções na comunicação social, partilha as mesmas preocupações e ambições de José Sócrates, em particular, na questão das contas públicas. Só com a redução do décife se pode recuperar a economia portuguesa.
É óbvio que Cavaco é o Presidente que Sócrates quer ver em Belém. O professor dá as garantias para uma estabilidade política e uma recuperação económica que o governo socialista quer por em prática.
O apoio a Mário Soares é apenas uma obrigação partidária e uma maneira de "fazer as pazes" com a ala mais à esquerda do Partido Socialista, mas, nada de enganos, Sócrates é um social democrata e um importante representante do centro. E é no centro que está o eleitorado que vai eleger o novo Presidente da República, que, actualmente, já não se identifica com Soares.
A campanha de Sócrates é com Soares, mas no dia 22 de Janeiro, o voto pode ir para Cavaco.