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segunda-feira, outubro 31

Presidenciais III

Mário Soares foi um bom Presidente da República, exerceu dois mandatos numa altura em que o país precisava de um novo ciclo de confiança nacional. Foi durante dez anos (1986 - 1996) um Presidente que reunia o consenso e a simpatia dos portugueses; que lutava contra a irracionalidade da extrema-esquerda; que moderava os governos de Cavaco Silva, numa coabitação nem sempre tranquila; que acompanhou os primeiros passos de Portugal no projecto europeu. Em suma, Soares dá início à normalização da democracia e ao surgimento de uma esquerda moderna, que não teme a iniciativa privada nem arrasta o país para constantes convulsões sociais.
Vinte anos depois, o país está diferente, mas a necessidade de encontrar um Presidente que traga confiança é a mesma. Apesar de toda a admiração e respeito por Mário Soares, acho que a sua candidatura não é capaz de restaurar a confiança que os portugueses pedem. O facto de já ter exercido o cargo e as constantes sondagens nos jornais e televisão, provam que Soares já não tem o mesmo vigor de antigamente, e não é pela sua idade, facto que tem sido utilizado por muitos opositores como negativo, é apenas pelas alterações em Portugal e no mundo. Soares, ultimamente, tem adoptado um discurso mais radical e menos consensual e isso impede uma harmonia entre instituições e uma maior cisão entre o eleitorado.

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