No dia 13 de Junho, foram eleitos os 24 deputados portugueses para o parlamento europeu. 12 para o PS, 9 para a coligação Força Portugal (PSD/CDS-PP), 2 para a CDU (PCP/Verdes) e 1 para o bloco de esquerda. Não vou negar a minha satisfação com estes resultados mas convém lembrar que nos restantes países europeus, a viragem à esquerda não foi total e o Partido Popular Europeu, continua com a maioria dos deputados, ou seja, a direita continua a ditar as regras em Bruxelas. Mas sobre a Europa e o que aí vem para o nosso país falarei noutra altura. Agora, vou apenas referir-me, ao impacto que os resultados das eleições tiveram no nosso país.
Irritou-me profundamente esta "futebolização" da campanha eleitoral, ora se mostravam cartões amarelos ou se gritava força Portugal, não me julguem mal, sou um grande adepto da nossa selecção, mas a obesessão com o Euro2004 e os dividendos que os partidos esperavam alcançar com a mesma, pareceu-me ridículo.
As reacções dos vários partidos, em particular dos seus líderes e cabeças de lista, também merecem especial atenção. Durão Barroso, veio a público dizer que tinha entendido a mensagem que os portugueses lhe deram, prometendo ainda mais trabalho, tentando desdramatizar os resultados eleitorais (mas será que alguém ainda acredita neste homem que tem uma ministra das finanças que gere o país como se fosse uma mercearia de má qualidade). Paulo Portas, disse à imprensa que estas eleições são para o parlamento europeu não para o governo do país e culpou a abstenção da derrota da coligação. Devo aqui dizer ao amigo Portas, que se não fosse pela coligação, o CDS/PP, nem um deputado elegia. O povo sabe quando as coisas estão mal.
Na esquerda, as vitórias foram celebradas em tons diferentes. No PS, Ferro Rodrigues, tem a oportunidade de mostrar o que vale e anunciou a sua recandidatura à liderança do partido, esta vitória mostra que o povo ainda acredita que o PS, é a única oposição credível a este governo. Na CDU, Carvalhas, como sempre pede um cartão vermelho para o governo, queixa-se do voto útil mas não impede o PCP de ir perdendo votos em cada acto eleitoral. Apesar de achar o discurso do PCP velho e repetitivo, não posso deixar de ter pena que Odete Santos, uma mulher carismática e inteligente, não tenha sido eleita. Era uma mudança de ar no parlamento europeu.
A grande surpresa e o meu maior foco de curiosidade vai ser a prestação de Miguel Portas, o candidato do Bloco de Esquerda, em Bruxelas. Embora ache que o discurso dos bloquistas e em particular de Francisço Louçã deve ser pautado por menos acusações bruscas ao governo e uma maior coperação entre as esquerdas. Não adianta fazer barulho se continua tudo na mesma.