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quinta-feira, novembro 6

Alegria na prisão

José Castelo Branco e a sua mulher, Betty Grafenstein (não sei bem o apelido) foram detidos no aeroporto de Lisboa, por transporte de pedras preciosas sem a devida autorização. Parece que Betty saiu em liberdade, mas o Zé, ficou e, ao que parece, vai passar a noite no estabelecimento prisional de Lisboa, local onde se encontram Bibi and Friends. Não sou vidente, mas não duvido da alegria de Castelo Branco, quando soube da decisão do juíz. Qualquer coisa do género: " Ai, ai, vou prá prisão, que giro! Que máximo! Caturreira!! Isto de ficar preso com gente do jet-set, é supé bem, tá a ver!"
Fico satisfeito por saber que os apetites sexuais dos reclusos são atendidos.

“Poeta”

"Desenha com os dedos palavras, mistura-lhe o sentimento, sofre-lhe o calor das frases... e serás poeta.
Derrama o sangue nas folhas brancas, respira-lhe a beleza dos traços... bebe a doces sorvos as canções das musas do Tejo, e ouvirás Camões ao longe... mostrar-te-á o que é sentir-se perdido nos mares da memória recôndita das palavras... ouve-o.
Chora! Deixa as tuas lágrimas caírem sobre a pena de metal, e terás vida... deita as tuas palavras, mostra o que é saber viver em parágrafos. Mostra o que levas dentro, deixa-te existir.
Lembra-te do mar salgado, e das lágrimas de Portugal, e terás Pessoa ao teu lado para te ensinar que escrever é também viver... para te abrir as páginas de seu livro, e te mostrar que morrer não é partir... é deixar ficar.
Sentes a Terra? Consegues ouvi-la cantar? Então deixa que ela te sussurre as suas breves palavras, e terás Torga para te contar, que saber ouvir é poder contar... ouve-a... olha como ela te abençoa!
Fecha os olhos. Sentes a escuridão? Não a temas... toca-lhe. Ela mostrar-te-á que estar sozinho é poder amar... amar em silêncio. Ela ensina-te! Ela conhece a solidão. Não tenhas remorsos.
Tem atenção... consegues sentir o cheiro das paredes caiadas de branco? Então abre bem os olhos, e repara no aviso de Sophia: a brancura das paredes é o disfarce da podridão oculta... mas ouve também o mar... Então de certo percebes que a sua imensidão é pura sabedoria... ouve as ondas romper... e tuas mãos desenharão em traços perfeitos a inteligência dos sentimentos...
Alguma vez sofreste? Então deixa-se morrer, apenas um instante, um mísero instante, e conhecerás Florbela... ela vai mostrar-te que sentir amor, não é apenas sorrir. Sentir amor, é abrir um livro, marca-lo com tua vida, gravar-lhe tuas palavras, é saberes ser alma e sangue.
Há gritos abafados ao longe... persegue-os... ouve-os... quem chora também sente... também quer sorrir... consegues sorrir? Então usa palavras, usa-as e mostra-te... deixa-te conhecer.
As crianças brincam ao longe, e Eugénio conta-te uma história... contou-te uma história, em verso, e mostrou-te que a inocência é o desfecho da vida, é o calor da ilusão... pergunta-lhe, e deixa que ele te mostre, que ser-se poeta, é ser-se vida.
Agarra as folhas, elas voam até ti, e as tuas palavras, essas tuas companheiras, fluirão em leves partituras desgarradas de comunhão e harmonia.
Lembraste deles? De três homens tão diferentes e tão iguais? Alberto Caeiro, Álvaro de Campos e Ricardo Reis... lembras-te? Viveram, amaram, sofreram, choraram, mas deixaram-te uma coisa... um legado espiritual... ser-se poeta, é saber-se vida, terra e paixão! Efusão explosiva de sentimentos desgarrados e consumados. Eles mostram-te!
Sentes agora? Olha como elas sorriem quando as tornas memoráveis... são as tuas palavras... tuas. É o teu mundo, são os teus olhos... ou então olha para Régio, que num aperto de mão agora sempre lembrado, e numa carta a um amigo, mostrou que ser-se poeta, é ser-se capaz de fazer vibrar o coração de quem há muito não sente e acender os olhos de quem há muito não quer ver.
É ser-se poeta, homem, tesouro, universo mostrado... é abrir um cofre, tirar-lhe as entranhas, e de lá o ouro... o teu ouro... as tuas palavras, a tua memória, a tua paixão por existir... o teu amor, por escrever."


César Silvestre – In “Metropolitano” - 2002

segunda-feira, novembro 3

Cães urbanos

A nova moda da juventude portuguesa, é usar aquelas fitas ou trelas ao pescoço com as chaves do carro e casa penduradas. Ou eu ando muito desactualizado, ou então, não percebo rigorosamente nada destas novas modas. Há necessidade de usar as chaves daquela maneira. Eu lembro-me de ver as crianças com o passe ao pescoço para não o pederem. Mas ver jovens adultos com um chocalho ao peito? Será que é para não peder as chaves? Ou criou-se um novo estilo de cães urbanos?

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