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terça-feira, janeiro 11

País de tísicos e de cocós

Em Novembro, fui assistir a um concerto de Wagner no Coliseu. O espectáculo foi bom mas podia ser melhor se não fossem as constantes interrupções, típicas do público português, tão evidentes neste tipo de eventos.
Quando entrei, o cheiro a naftalina, a mofo e a outros odores de sotão fechado no Inverno ivadiram-me as narinas de imediato. Achei estranho, como é que uma sala como o Coliseu tem cheiros destes? Resposta simples: as velhinhas que "adoram" ir a concertos de música clássica aproveitam para usar os seus casacos de peles de 1835, cuja raposa já estava em decomposição quando a utilizaram.
Pronto, o cheiro até se suporta, estou ali para ouvir música e não para exercitar o meu olfacto. O problema seguinte é que é muito desagradável. Será que toda a gente, quando o maestro pede silêncio e começa a obra, tem vontade de tossir ou de puxar a gosma da garganta? É preciso estar à procura de pastilhas ou rebuçados para a tosse, daqueles que vêm embrulhados em papel cujo som parece uma barata a ser esmagada? E que em vez de o desembrulhar rapidamente, demoram horas porque pensam que quanto mais devagar menos se ouve. Claro que não há necessidade de nada disto. Se estão doentes, com sono ou sem paciência, ficam em casa! Para além de perturbar as pessoas que querem realmente ver e ouvir o concerto, sem estar a ressonar ou a tossir, os artistas estrangeiros ficam a pensar que o público português é uma associação de tuberculosos. O que é sempre desagradável.

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